A luz infravermelha foi descoberta por Sir William Herschel em 1800 quando fazia experiências com distintos comprimentos de onda e percebendo um aumento de temperatura além do vermelho. De forma similar, Ritter observou que raios que existiam fora da faixa do violeta conseguiam escurecer um cristal de cloreto de prata descobrindo assim o ultravioleta.
Veja a figura abaixo onde é apresentado todo o espectro desde o ultravioleta até o infravermelho, ficando no meio a luz visível. O espectro eletromagnético possui faixas determinadas pelo comprimento de onda e que é medido em nanômetros. O espectro infravermelho possui duas faixas identificadas como “Near” (perto) e “Far” (longe). A parte “Far” do espectro infravermelho é o que sentimos como o calor do sol ou de um forno. Esta faixa não é detectada pelos filmes fotográficos e pode ser identificada apenas por equipamentos termográficos. A faixa “Near” é a que podemos fotografar e vai desde os 730nm até 1200nm.
Desde 1904 surgiram filmes preto e branco que possuíam sensibilidade a todo o espectro de luz visível, chamados de pancromáticos, e a partir deste ponto foram iniciados os experimentos para produzir corantes que permitiam estender a sensibilidade dos filmes além dos 900nm e bem dentro da faixa do infravermelho. Até os anos 80 o uso de filmes infravermelhos esteve concentrado nas aplicações científicas, mas foi a partir desta época que começaram as incursões na fotografia artística que proliferaram até o final dos anos 90 com o início da migração para a fotografia digital.
Fotografar com luz infravermelha é bastante imprevisível principalmente porque não conseguimos ver como a luz é refletida nos objetos. Na época do filme a única forma de garantir um bom resultado era a prática constante, aliada ao uso do "bracketing", ou seja, expor a cena para diferentes níveis de luz de maneira a obter pelo menos um fotograma com a exposição correta.
Com o advento da fotografia digital a fotografia infravermelha tornou-se muito mais fácil pois mesmo com uma câmera convencional é possível fazer a captura de uma cena em infravermelho apenas utilizando um filtro especial, como um Hoya R72.
Para um uso mais facilitado principalmente com o processo de focagem e exposição o mais recomendado é a conversão de uma câmera para infravermelho. Esta conversão consiste na remoção do filtro para bloquei de infravermelho e ultravioleta que existe na frente do sensor da câmera permitindo que ele enxergue todo o espectro de luz.
Existem dois tipos de conversão: o primeiro consiste na remoção do filtro de bloqueio que é substituído por um que faz o bloqueio para comprimentos de luz visível e deixa passar apenas a luz infravermelha. Este tipo de conversão normalmente utiliza filtros de 590nm a 850nm. Quanto mais baixo o valor maior será a quantidade de luz visível que atingirá o sensor, e portanto, as fotos serão mais coloridas. Filtros acima de 800nm são usados apenas para fotos preto e branco pois nenhuma luz visível atinge o sensor.
O segundo tipo de conversão é a remoção do filtro deixando o sensor sem qualquer tipo de bloqueio ficando a câmera com uma característica "full-spectrum" por permitir a leitura de todo o espectro desde o ultravioleta até o infravermelho. Nesta condição o fotógrafo escolhe um filtro adequado ao tipo de cena que quer retratar e coloca na lente para que obtenha o efeito desejado. A câmera poderá ser usada para tirar fotos em ultravioleta, infravermelho e também para luz visível convencional o que não é possível com o primeiro tipo de conversão pois a câmera só registrará luz infravermelha.
O processamento é uma etapa essencial para a obtenção de bons resultados em infravermelho. Existem basicamente três etapas para o processamento de uma fotografia em infravermelho: o ajuste do balanço de branco, o acerto da exposição e por último a troca dos canais azul e vermelho. Esta última etapa permite obter efeitos diversos e também recuperar o azul do céu que normalmente fica com uma cor bronze. As duas primeiras etapas são normalmente realizadas em software tipo Lightroom e a terceira etapa no Photoshop. Não existem limites nem uma fórmula direta que estabeleça o que deve ser feito no processamento de uma fotografia infravermelho. A criatividade é a regra geral para que se obtenha bons resultados neste tipo de trabalho.